sábado, 26 de abril de 2008

ZÉ PELINTRA, O REI DO CATIMBÓ


O Catimbó é uma prática ritualista e mágica com base na religião católica de busca os seus santos óleos, água benta e outros objetos litúrgicos. É também uma prática Espírita trabalha com a incorporação de Espíritos de desencarnados, chamados Mestres. Através deles realizam-se os trabalhos espirituais, principalmente para a cura, pois esta prática (a cura espiritual) é sua principal finalidade.

Não se encontra no Catimbó, em sua prática e liturgia , os elementos das Nações Africanas. O Catimbó não é “seita” ou um culto afro-brasileiro; não possui as ricas mitologias do culto de matriz africana, pois a primitiva teogonia indígena acabou se perdendo no contato com a base de cultos cristãs e católicas, misturando-se com estas e criando um novo culto, mais magístico do que religioso.

Além da religião católica, Catimbó também é sincrético com relação a outros elementos e componentes europeus, como a utilização do caldeirão e rituais de magias, próximo das práticas mágicas europeus. É básica a utilização das ervas e fundamental nos rituais. Os Mestres se diferenciam em seus trabalhos pela utilização da mesma (cada um utiliza uma determinada erva ou raiz).

O culto se utiliza muitos instrumentos que herdou o catolicismo: os santos católicos, a águas bentas, as orações e rezas; a fumaça do cachimbo e a bebida são alguns elementos herdado da cultura indígena. Encontramos ainda hoje, entre o puro índio e o homem do Nordeste brasileiro, toda aquela antiga relação que levou o nascimento do culto.

O Catimbó de hoje é o resultado da fusão da prática “pagã” dos índios com o catolicismo, sobre qual foi construída sua base religiosa apesar de também ter recebido influência do inicio do desenvolvimento do Movimento Espírita no Brasil e dos cultos de matriz africana.

A forma como a cultura indígena foi sobrepujada pelas outras que chegaram (negra e européia), fez com que o culto de Catimbó fosse aos poucos perdendo sua identidade original (a pajelança) e ganhasse traços mais fortes de outras práticas religiosas.

Da prática Xamanica original foi preservada a utilização das ervas e das fumaças dos cachimbos, utilizada de doenças e também pelo Pajé da tribo para entrar em contato com Espíritos Ancestrais.



O Catimbó é da Jurema Sagrada.



A Jurema é uma das muitas espécies de Acácia nativas do Nordeste brasileiro.

Sempre foram consideradas plantas sagradas por diferentes povos e cultura do mundo. A Jurema Sagrada como tradição mágico-religiosa é originária do Nordeste, mas recebeu influências variadas. É utilizada no culto do Catimbó como meio magístico de entrar em contato com Espíritos que vêm realizar trabalhos de cura espiritual e material.

É uma bebida com a casca da jurema (misturada com vinho e outros elementos que são mantidos em segredo) e tomada pelos Mestres Juremeiros (Mestre do Catimbó).

Os Mestres comandam

as Cerimônias do Catimbó



O termo mestre é de origem portuguesa, onde tinha o sentido tradicional de médico, ou, segundo Câmara Cascudo, de feiticeiro. Esse é o primeiro elemento de ligação do Catimbó com tradições européias e mostra também o significado do trabalho do mestre: a cura e a magia. De forma geral os Mestres são descritos como espíritos curadores de decadência escrava ou mestiça, que é a principal característica dos habitantes das regiões onde o Catimbó floresceu.

Os Mestres foram pessoas que em vida trabalharam nas lavouras e possuíam conhecimentos de ervas e plantas curativas.

Nesta generalização podemos entender muito também como e porquê do culto do Catimbó.

Em uma região dominada pela pobreza e falta de recursos, a população carece de assistência médica, sendo a doença um temor presente e terrível. Nesse sentido, os Mestres se apresentam como enviados para socorrer e o sofrimento dos menos favorecidos, oferecendo a tradição da medicina das ervas herdadas dos índios, para dar assistência á população.

Mestre Pereira: Tem como fundamento o pau pereira. Este mestre é a evolução do antigo “Antônio Tirano”, dito Mestre sem linha. Ele é uma mostra viva que o Catimbó existe para recuperar almas que perdem os seus caminho na passagem pela terra fria. Antonio Tirano é personagem passado de uma história terrível na qual ele, em momento de desespero, de falta de esperança mesmo que momentânea, matou sua família, de mulher e dois filhos, e depois se matou.

Na hora de sua passagem foi resgatado por um Mestre do Catimbó, que o trouxe para o culto, mesmo ele não tenta sido catimbozeiro em vida.



Mestre Carlos: Rei dos mestres é conhecidíssimo em qualquer sessão de Catimbó. Era um rapaz “farrista”, cercado de mulheres perdidas e gente livre . Filho de Inácio de Oliveira, conhecido feiticeiro. O pai tinha desgosto e não o queria iniciar na feitiçaria. Contam então, que Mestre Carlos “aprendeu sem se ensinar”, quando de uma bebedeira caiu num tronco de jurema e morreu após 3 dias.

Um dia o pai saiu de casa e Carlos, com 13 anos apenas, penetrou no “estado”, tirou objetos imprescindíveis de invocação e saiu com eles. Foi num mato e juremeiras e, iluminado por uma presciência maravilhosa conseguiu abrir uma sessão sozinho e invocar o Mestre.

Mestre Carlos é caracterizado como Entidade alegre, que gosta de brincar durante as sessões ; fala muito com os presente, gesticula, receita garrafadas e dá passes. É especialista em casamento e considerado um Mestre curador.

“OH! SEU ZÉ, QUANDO VEM LÁ DA LAGOA”

TOMA CUIDADO COM O BALANÇO DA CANOA

OH! SEU ZÉ FAÇA TUDO QUE QUISER ...

SÓ NÃO MALTRATE O CORAÇÃO DESSA MULHER”.

A origem de “Seu”


Zé Pelintra

A figura de Zé Pelintra está associada a um grande leque de religião de religião de possessão no Brasil. Provavelmente originário do Catimbó (Câmara Cascudo, 1978), esse arquétipo popularizou-se nos cultos da Jurema, Macumba, Umbanda e Candomblés de Caboclos. Muitas histórias são contadas sobre a vida terrena desse personagem ; em muitas dessas versões ele é apresentado como beberrão e desobediente. Ao morrer, teria ido viver na jurema local mítico, onde ele que “só se salvou de um lado” viria ajudar aos homens no mundo terreno.

Outra versão conta que José dos Anjos, nascido no interior de Pernambuco, era um negro forte e ágil, grande jogador e bebedor, mulherengo e brigão. Manejava uma faca como ninguém, e enfrenta-lo numa briga era o mesmo que assinar o atestado de óbito. Não era mau de coração, muito pelo contrario, era bondoso, principalmente com as mulheres, a quem tratava como rainhas. Sua vida era a noite. Sua alegria, as cartas, os dadinhos, a bebida, a farra, as mulheres e porque não, as brigas. Jogava de enganar os incautos.

Nas macumbas do Rio de Janeiro, o seu ZÉ Pelintra é associado á figura do malandro carioca. Os trejeitos se remetem a esse arquétipo da boemia carioca. Zé Pelintra é considerado advogado dos pobres, possui conhecimentos para curas de males físicos e espirituais. Devido á sua extrema simpatia,é adorado quando baixa nos terreiros,canalizando para si a atenção de todos. Em alguns terreiros a figura do seu Zé é manifestada nas giras de Exu como pode ser observado em alguns pontos citados nestes locais:

Tranca Rua e Zé Pelintra

São dois grandes companheiros

Tranca Rua na encruza

E Zé Pelintra no terreiro



A associação do Exu Tranca-Ruas com Zé Pelintra é de grande simbolismo para caracterizar essa correspondência entre esses dois elementos que se manifestam na Umbanda. Em alguns terreiros esse arquétipo popularizou-se (do “Seu Zé”) conquistou espaço que lhe permitiu ter uma gira específica, isolada dos Exus. Nelas, Seu Zé virou malandro carioca e outros Zés associaram-se a ele.

O nome se multiplica. O arquétipo do Seu Zé é percebido em outros malandros com nomes variados, como “Jorge Malandro” (normalmente nomes populares e duplos).


“Seu” Zé Pelintra na Umbanda



Seu Zé chegou á Umbanda por meio do Catimbó, culto do qual é um dos Mestres. A história mais conhecida é a de que Seu Zé Pelintra teve na vida na Terra como ser encartado- “Nascido em Pernambuco , José Gomes da Silva, como era conhecido. ainda jovem foi morar no Rio de Janeiro, onde freqüentou a boemia do famoso bairro da Lapa. Fez amigos entre a malandragem da época e era querido por todos. Perito em jogos de azar (baralho e dados), ganhava de todos os que ousassem desafia-lo. Era exímio no manejo de armas brancas e sempre estava pronto para defender os injustiçados, coisa que hoje em dia só faz espiritualmente”.

Formulou uma bela Falange dos “Malandro da Luz”, tornando-se chefe da Linha dos Malandros, que compreende Espíritos que tiveram vida nos morros cariocas, na boemia da Lapa, nos subúrbios do Rio de janeiro, Bahia e Recife.Trabalha tanto incorporado na direita como na esquerda,pois pode baixar em qualquer gira- Exu, Preto Velho, Mineiro, Baiano, Boiadeiro, Marinheiro e Caboclo.


ORAÇÃO A ZÉ PELINTRA

Salve Deus, pai criador de todo o universo salve Oxalá, força divina do amor, exemplo vivo de abnegação e carinho. Benedito seja o senhor do BOM FIM.

Salve ZÉ PELINTRA, mensageiro da luz, guia e protetor de todos aqueles que em nome de Jesus Cristo, pratica a caridade. Dai-nos Zé Pelintra, o sentimento suave que se chama misericórdia.

Dai-nos o bom conselho,

Dai-nos apoio a Instrução Espiritual que necessitamos dar aos nossos inimigos, o amor e a misericórdia, que lhe devemos.

Pelo amor do nosso Senhor Jesus Cristo para que todos os homens sejam felizes na terra e possam viver sem amarguras, sem lagrimas e sem ódios.

Tomai-nos ZÉ PELINTRA sob vossa proteção, desviai-nos dos espíritos atrasados e obssessores, enviados por nossos inimigos encarnados e pelo poder das trevas.

Iluminai nosso espírito, nossa alma, nossa inteligência e nosso coração.

Abrasando-nos na chama do vosso amor por nosso PAI OXALÁ.

Valei-nos ZÉ PELINTRA, nessa necessidade.

Concede-nos do vosso auxilio junto a nosso Senhor Jesus Cristo, em favor deste pedido (faça seu pedido)

E que Deus nosso Senhor em sua infinita misericórdia, nos cubra de bênçãos e aumenta a vossa luz e vossa força, pra que mais e mais posa espalhar sobre a terra a caridade de nosso Senhor Jesus Cristo.




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